segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Atlantis: apogeu e queda


              Há 2500 anos, Platão, um grande filósofo grego, escreveu sobre uma ilha que chamou de Atlântida (Atlantis), engolida pelo mar em um único dia e noite. Desde então as pessoas se indagam sobre a existência desta ilha, ou se ela não foi apenas um mito.
"Em um único dia e noite de infortúnio, ali violentos terremotos e inundações... E a ilha de Atlântida foi engolida pelo mar e desapareceu."
Platão.
        Pesquisas recentes sugerem que a história de Platão foi baseada em eventos reais. Explorações submarinas recentes perto da ilha grega de Santorini revelam depósitos de uma imensa erupção vulcânica. Uma das maiores da história da humanidade. Em Santorini arqueólogos descobriram uma cidade antiga, um mundo perdido, sepultado pela catástrofe. Baseada nas ultimas pesquisas científicas, esta é a história de uma ilha incrível, do povo que a habitava e dos últimos dias extraordinários que inspiraram a lenda de Atlântida. 
            Há 3500 anos, as ilhas gregas abrigavam uma poderosa e avançada civilização da Idade do Bronze, que rivalizava com o Egito dos faraós, eram os minoicos. Neste mundo, poderosas sacerdotisas conduziam rituais estranhos e perigosos. Platão escreveu que grandes touros vagavam pelos templos de Atlântida. E o touro, sem dúvida, tinha destaque na cultura minoica. O touro era tão importante que deu origem à lenda do minotauro assassino de homens. Metade homem, metade animal. O salto sobre o touro deve ter sido um importante ritual de iniciação para os jovens minoicos, um espetáculo realizado por toda Creta.
          Os minoicos dominaram o Mediterrâneo por mais de 1000 anos, até que uma ilha, a 130 Km ao norte de Creta, explodiu. A ilha de Thera, hoje conhecida como Santorini. Reconstruções de Thera mostram que ela consistia em círculos concêntricos de mar e terra, assim como Platão descrevera Atlântida, pois a ilha era o topo de um vulcão gigante que entrava em erupção cataclísmica a cada 17 mil anos.
            Em 1620 a.C., uma piscina de rocha derretida, grande o bastante para sepultar uma cidade como Londres, enchera a câmara magmática 11 Km abaixo da ilha. As riquezas de Thera baseavam-se no seu domínio do mar, sua frota dominava a rede de comércio do mundo da Idade do Bronze. Os ilhéus enriqueceram, comprando e vendendo mercadorias da Ásia, África e outra regiões da Europa. As mulheres minoicas eram muito independentes e influentes, principalmente as sacerdotisas, pois sua função era de se comunicar com os deuses. Como outras civilizações antigas, os minoicos acreditavam que tudo era habitado por deuses, havendo deuses para todos os fenômenos naturais. Estes deuses não eram tidos como benignos e misericordiosos, mas temperamentais, e às vezes, vingativos. Mas em 1620 a.C., o complexo sistema de crenças minoico estava preste a ser destruído por forças geológicas além de sua compreensão.
         Um dos primeiros sinais de que o vulcão entrara em erupção foram as explosões hidrotermais, causadas por água subterrânea superaquecida. Por mais de 17 mil anos, a câmara magmática permaneceu selada, mas o terremoto a fragmentou, permitindo que o magma escapasse pelos dutos, liberando enxofre e outros gases tóxicos. Por fim, a pressão da ascensão do magma removeu a rocha e obstruía a boca do vulcão há milhares de anos. Pra os minoicos, não tinha melhor forma de aplacar os deuses do que fazendo uma oferenda, de preferencia com sangue.
            A partir de depósitos vulcânicos, sabemos que os estágios iniciais da erupção cobriram a ilha com cinzas leves, o suficiente para contaminar o abastecimento de água  O que diferenciou essa erupção de outras que os theranos vivenciaram foi a interação de dois tipos de magma, provocando uma reação química catastrófica, esta reação química traria cerca de 150 bilhões de toneladas de magma à superfície, e transformou esta erupção no maior desastre já visto pelo mundo antigo. O som da erupção foi ouvido até no Egito. Uma coluna superaquecida de gás, rocha e cinzas foi arremessada a 10 Km de altura na atmosfera, era uma erupção pliniana, o mais mortal de todos os eventos vulcânicos. Nas primeiras horas de erupção o vulcão arremessou bilhões de toneladas de magma no céu, resfriando rapidamente ele caiu sob a forma de púmice, mas era a cinza que se mostrava como ameaça imediata, as cinzas vulcânicas não é cinza comum, ela contem silício, quando inalada ela se mistura a umidade dos pulmões e forma um cimento liquido, primeiramente dificultando a respiração e após a impossibilitando.
            Conforme a cratera se ampliava, a água do mar a invadia, no contato com o magma, a água explodia em vapor, iniciando o próximo estagio vulcânico. A reação violenta entre a água e o magma criou uma erupção freatomagmática, ao ocorrer a explosão, estima-se que o som produzido tenha atingido 300 decibéis. A força imensa arrancou rochas do interior da cratera, arremessando-as no ar como misseis mortais. Estes fragmentos ardentes de magma podem ter o tamanho de um carro e pesar oito toneladas.
           Com a cratera se expandindo, ocorreu enorme pressão, originada pela ascensão da coluna, formando ondas, conhecidas como fluxos piroclásticos, atingindo velocidade de até 290 km/h e temperatura de 700 graus Celsius  quando estas ondas atingirem o mar, as cinzas quentes fizeram a superfície da água ferver, impulsionando a uma velocidade ainda maior. Os fluxos piroclásticos empurraram detritos vulcânicos para o mar, gerando ondas imensas (tsunamis). Deslocando-se a 320 km/h, o primeiro tsunami teria levado 20 minutos para chegar a Creta, especialista estimam que quando as ondas atingiram o litoral, teriam mais de 18 m de altura.
            Uma recente pesquisa revelou que uma serie de tsunamis destruíram cidades por todo o litoral norte de Creta em questão de horas após a erupção, matando cerca de 30 mil pessoas. As cinzas da erupção mergulharam o Mediterrâneo, deixando na escuridão por semanas. Os templos foram roubados e incendiados, sofreram invasões de uma tribo guerreira grega, chamados de micenos.
       Porém as historias do desastre foram transmitidas, recontadas, floreadas. Muitos especialistas acreditam que os relatos da destruição de Thera inspiraram Platão a escrever sobre a ascensão e queda da grande civilização que ele chamou de Atlântida.
            E assim um mundo maravilhoso e grandioso, tolhido em seu apogeu por um desastre de proporções cataclísmicas, tornou-se fonte de uma das maiores lendas de todos os tempos... Atlântida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário